No canto da minha
escrivaninha repousa um lustroso troféu dourado
onde se lê:
Premiação Por Atingimento De Metas.
Olhando para ele, sinto uma pontinha de orgulho.
Só eu sei o esforço que despendi para que minha
agência merecesse este prêmio reluzente, que veio
acompanhado de outros presentes, numa recepção
ocorrida na minha regional.
Às vezes me pego olhando para ele e, no redemoinho
da minha rotina bancária, dou-me conta da grande
mudança de valores ocorrida em minha vida nos
últimos anos e principalmente, quão diferentes são
as metas que tenho estabelecido para mim hoje, se
confrontadas com aquelas.
As de hoje são internas e infinitamente mais
difíceis de serem alcançadas.
É meta para mim hoje, manter a serenidade e a fé,
ainda que tudo pareça desabar à minha volta.
É meta, adestrar o ego inflado e vaidoso, através
do exercício permanente da humildade. Diga-se de
passagem, eis aí um desafio terrível!
É meta pessoal, ser agradecida e gentil sempre,
mas firme e assertiva o bastante para que não
tomem gentileza por servilismo.
É meta não procrastinar, ser capaz de quebrar
rotinas, de instalar-me em hábitos mais salutares.
Sim, estes são alguns dos dificílimos propósitos
que tenho estabelecido para os anos que se
avizinham.
Caso consiga atingí-los, ainda que em pequenino
percentual, não terei de retorno nenhum troféu
tangível e reluzente, tampouco nada que se possa
comemorar em qualquer recepção ou celebração entre
as pessoas.
Nesta cerimônia, com glória ou inglória, apenas eu
e minha consciência poderemos comparecer.
Então olho com carinho o reluzente troféu de
velhas e equivocadas metas e digo baixinho:
Chegarei lá! Chegarei lá!
Autora: Fátima Irene Pinto
Descalvado - SP
28.02.04
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