Naldo Velho
Hoje podia ser um dia
internacionalmente dedicado ao pecado,
mas só aos pequenos e saborosos pecados,
aqueles que ansiamos em querer viver
e que por força de regras, de travas, amarras,
nos negamos a cometer.
Ficar na cama até mais tarde,
preguiça é sempre um delicioso pecado!
Degustar guloseimas, delícias,
sem o risco de ter que engordar,
a gula é outro maravilhoso pecado!
Quem sabe uma mulher bem bonita,
pele branca e macia,
com muito veneno nos olhos,
que saiba sussurrar baixinho
coisas que o meu coração
vive querendo escutar.
Peitinho sem silicone!
Tenho medo de mulher turbinada,
assim como tenho medo de andar de avião.
Rola um quê de impotência,
vai que em pleno vôo eu desabo,
é muito grande a distância
que existe entre o céu e o chão.
Talvez seja por incompetência,
talvez seja esse um grande pecado:
o de não cobiçar "a perfeição".
Cobiça não!
Esse é um grande pecado.
Sou capaz de desejar a mulher do lado,
mas não sou capaz de cobiçar
a mulher do meu irmão.
Andar ocioso pelas ruas,
sem ter que me preocupar com as horas
e se elas vão ou não ter que passar.
Tomar um conhaque, fumar um cigarro,
eis aí dois pequenos pecados
que eu tive de abrir mão.
Esse dia seria uma festa
sem hora ou lugar para acabar.
Teria a duração da distância
entre o ir o ficar e o voltar,
só para que eu possa chegar sorrateiro
e me aconchegar saliente em seu colo,
fazendo com que a eternidade desse instante
seja mais um delicioso e exclusivo pecado
do qual nós nunca mais vamos ter que abrir mão.
Autor: Naldovelho