Minha estrada é longa e tortuosa
andei chutando as pedras dos caminhos
algumas nem sei porque, guardei comigo
vi árvores frondosas e belas
colocadas atrás de cercas com espinhos
e não pude sentar-me a sombra delas...
Segui sempre e sempre andando
cansada, mas sempre em frente
o sol minha fronte escaldando
pessoas deitadas na rede
atrás de cercas farpadas
vi muita água límpida e cristalina
mas por ficar calada
não pude saciar a minha sede...
Olhei para todos os lados
agora cansada e transpirando
estava num lindo e imenso prado
ao longe uma cabana acolhedora
com um cachorro e muito gado
a chaminé fumegando
algumas pessoas almoçando
olharam por um momento
mas me negaram alimento...
E assim, passo a passo
cheguei ao fim de minha estrada
nunca no mesmo compasso,
porque me senti cansada...
Colhi flores de todas cores
frutos suculentos e maduros
tudo com as minhas forças
lembrei de todos os percalços
das barreiras e dos muros
de Don Quixote e seus moinhos
peguei as pedras que guardava
pois a gente até precisa
das pedras que acha pelos caminhos!
Autora: Thereza Mattos